sábado, 11 de junho de 2011


Fui bonificado em saber que alunos aplicados, tiveram que ficar um pouco atrasados, pois seus pares não possuíam as condições mínimas para acompanhar o rendimento da sala e que os pais, já tenha cumprido sua obrigação em matricular e nunca mais estiveram presentes na escola nem mesmo nas reuniões de pais e mestres.
Meu bônus foi ir à atribuição de aulas, e perceber que o numero de professores diminuiu, pois a carreira do magistério é tão desprestigiada e perigosa que os jovens não possuam nenhum interesse por ela.
Uma professora em uma audiência publica no Rio Grande do Norte conseguiu de forma simples calar os que deveriam estar atentos a isso, mas que se omitem jogando o problema para outros “juízes, promotores, ministros, deputados, vereadores, presidentes, governadores, prefeitos e seus secretários” ela foi grande orgulhando a categoria mas, já acabou!
Passou!
Não se fala mais.
Não recebi meu bônus, não conseguimos atingir as metas do IDESP.
Mas os alunos driblaram a ausência de professores, aprenderam a buscar, pesquisar sobre as coisas realizar trabalhos e projetos.
Estivemos sempre juntos.
Acreditamos e fomos a busca do saber e eles foram excelentes, ótimos, eficientes e perseverantes mesmo sem a tranquilidade e oportunidade de aprender.
Nesse ano mudei de escola e encontrei novos alunos que também sofrem com as mesmas dificuldades.
Sabe!
Parece que de nada mudou os problemas são institucionalizados por falta de ações eficientes e do próprio cumprimento das leis já existentes. Nessa nova escola percebi que não tem água mesmo tendo uma enorme caixa d’água e que a diretora já buscou soluções através dos caminhos legais mas, faz 05 meses que nada acontece. (estamos tendo aulas a 5 meses sem água e sem higiene mais temos que cumprir os dias letivos e atender as demandas a falta de água é um mero detalhe) ANVISA: Resolução ANVISA RDC nº 216/2004 – MANIPULAÇÃO DE ALIMENTO
Nada foi feito departamento a quem compete resolver, mas a escola esta um caos por falta de condições mínimas de higiene e pergunta-se:
Como pode o aluno aprender sobre saúde e saneamento nessas condições?
Eles me cumprimentam nos corredores, escadas, nas ruas em todos os lugares e eu como professor de ciências. Observo e me omito.
Esse é o ônus de ser professor e acatar ao sistema banalizado
Por esses dias fui visitar a escola em que eu lecionava.
Foi muito salutar para mim, pois formou-se um alvoroço, gritos, abraços saudosos, lágrimas e emoções. Isso porque não atingimos o IDESP, mas no quesito superação fomos os melhores, mesmo com todas as adversidades muitos alunos sem nem ao menos a base familiar conseguiram resolver problemas.
A comunidade é carente minha função de educar, fui além... Protegi e acalentei alguns que só tiveram a chance de nascer e hoje vejo seu sorriso por ter conseguido mudar suas atitudes buscando seus caminhos de forma saudável um abraço professor.
 Essa foi minha real bonificação.
Um bônus dado por quem realmente se importa e para sempre na vida de cada um dos alunos que acreditaram que é possível mesmo que os índices do IDESP digam o contrario.
A superação dessas crianças e jovens não são possíveis de mensurar e nunca seria apropriado para indexar um valor de pecúlio a ser dado para esse ou aquele professor ou escola.
Aos gestores burocratas que sempre tem uma porta para sua fuga nas tomadas de decisão.
Meu bônus foi ter vivido tantas realidades e no final de tudo ver em um gráfico frio um estigma na vida de pessoas de uma periferia pobre que nada tem com a realidade que ali existe.
 A força e a vontade de vencer e realizar os sonhos mesmo que só eles acreditem que é possível, pois se depender dos governantes essa prioridade não existirá de fato.
Qual mesmo a necessidade de matricular-se numa escola, frequentar assiduamente?
Depois qual o caminha você pode seguir?
Sem bônus e sem as condições necessárias para que se faça um bom trabalho e tenha-se um bom rendimento.
Esse é o ônus.
Qual será o bônus?


Helio Ramos de Oliveira

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